Pesquisa Quantitativa e Pesquisa
Qualitativa
Quantitativa
Seguindo
ensinamentos de Richardson (1989), este método caracteriza-se pelo emprego da
quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no
tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até
as mais complexas.
Conforme
supra mencionado, ele possui como diferencial a intenção de garantir a precisão
dos trabalhos realizados, conduzindo a um resultando com poucas chances de
distorções.
De
uma forma geral, tal como a pesquisa experimental, os estudos de campo
quantitativos guiam-se por um modelo de pesquisa onde o pesquisador parte de
quadros conceituais de referência tão bem estruturados quanto possível, a
partir dos quais formula hipóteses sobre os fenômenos e situações que quer
estudar. Uma lista de consequências é então deduzida das hipóteses. A coleta de
dados enfatizará números (ou informações conversíveis em números) que permitam
verificar a ocorrência ou não das consequências, e daí então a aceitação (ainda
que provisória) ou não das hipóteses. Os dados são analisados com apoio da
Estatística (inclusive multivariada) ou outras técnicas matemáticas. Também, os
tradicionais levantamentos de dados são o exemplo clássico do estudo de campo
quantitativo (POPPER, 1972).
Richardson
(1989) expõe que este método é frequentemente aplicado nos estudos descritivos
(aqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis), os
quais propõem investigar “o que é”, ou seja, a descobrir as características de
um fenômeno como tal.
Também,
entre os tipos de estudos quantitativos, segundo Diehl (2004) pode-se citar os
de correlação de variáveis ou descritivos (os quais por meio de técnicas
estatísticas procuram explicar seu grau de relação e o modo como estão
operando), os estudos comparativos causais (onde o pesquisador parte dos
efeitos observados para descobrir seus antecedentes), e os estudos
experimentais (que proporcionam meios para testar hipóteses).
No
planejamento deste tipo de estudo, o primeiro passo a ser dado é no sentido de
identificar as variáveis específicas que possam ser importantes, para assim
poder explicar as complexas características de um problema (RICHARDSON, 1989).
Outrossim,
segundo Richardson (1989), embora muitos experimentos em Ciências Sociais
estejam limitados pelas características dos sujeitos, pelo instrumento de
avaliação empregados, fator de tempo, disposição de pessoas, o que pode
implicar grave incorreção é a grande tendência dos profissionais em fazer
generalizações com base nos resultados dos experimentos.
Em
Tripoldi (1981, p. 48), enquadra estudos quantitativos-descritivos como uma
categoria dentro da pesquisa. Esta categoria, ainda possui sub-divisões, ou
como cita o autor propósitos, bem como de modo geral a “verificação de
hipóteses e a descrição de relações quantitativas entre variáveis
especificadas”.
O
primeiro propósito se destina a hipóteses de causa-efeito ou então as hipóteses
que interrelacionam duas ou mais variáveis.
O
segundo propósito serve para correlacionar várias variáveis específicas para
responder as questões específicas da pesquisa.
O
autor Tripoldi (1981, p. 51) ressalta que características experimentais de
busca aleatória e o trabalho em cima de variáveis independentes não podem fazer
parte de estudos quantitativo-descritivos.
A
pesquisa classificada, desde que, se tenha controle sobre as variáveis podem
assumir papel importante em estudos quantitativo-descritivos.
A
técnica mais conhecida para se trabalhar neste sentido é o método de survey.
(HYMAN, 1967).
A
coleta de dados geralmente é realizada nestes estudos por questionários e
entrevistas que apresentam variáveis distintas e relevantes para pesquisa, que
em analise é geralmente apresentado por tabelas e gráficos.
A
pesquisa não pode possuir estudo quantitativo-descritivo quando for de caráter
experimental (TRIPOLDI, 1981, P. 52 – 59).
A
expressão dos dados pode ser abordada conforme Marconi (1982), ao revelar que
devem ser expressos com medidas numéricas. Defende ainda que técnicas quânticas
de análise e tratamento dos dados apresentam melhor compreensão, mais objetivo,
dinamizam o processo de relação entre variáveis.
Pois
em Marconi (1982) a pesquisa quantitativa também é apresentada como “semântica
quantitativa e análise de conteúdo”, trabalhando e mensurando dados de uma base
textual.
Qualitativa
Este
método difere, em princípio, do quantitativo, à medida que não emprega um
instrumental estatístico como base na análise de um problema, não pretendendo
medir ou numerar categorias (RICHARDSON, 1989).
Os
estudos de campo qualitativos não tem um significado preciso em quaisquer das
áreas onde sejam utilizados. Para alguns, todos os estudos de campo são
necessariamente qualitativos e, mais ainda, como já comentado, identificam-se
com a observação participante.
Podemos
partir do princípio de que a pesquisa qualitativa é aquela que trabalha
predominantemente com dados qualitativos, isto é, a informação coletada pelo
pesquisador não é expressa em números, ou então os números e as conclusões
neles baseadas representam um papel menor na análise.
Dentro
de tal conceito amplo, os dados qualitativos incluem também informações não
expressas em palavras, tais como pinturas, fotografias, desenhos, filmes, vídeo
tapes e até mesmo trilhas sonoras (TESCH, 1990).
Para
estudos em Administração de Empresas, essa conceituação pode ser adaptada.
Conservando a idéia de que a pesquisa qualitativa não envolve a quantificação
de fenômenos, em Administração ela pode ser associada com a coleta e análise de
texto (falado e escrito) e a observação direta do comportamento.
Evidentemente,
existem alguns métodos mais apropriados a tal coleta e análise: entrevistas
abertas, observação participante, análise documental (cartas, diários,
impressos, relatórios, etc.), estudos de caso, história de vida, etc.
Mais
do que tais métodos, interessam-nos aqui as características básicas da pesquisa
qualitativa. Sem pretender esgotá-las, pode-se dizer que incluem (CASSEL;
SYMON, 1994, p. 127 - 129):
a) um
foco na interpretação ao invés de na quantificação: geralmente, o pesquisador
qualitativo está interessado na interpretação que os próprios participantes tem
da situação sob estudo;
b)
ênfase na subjetividade ao invés de na objetividade: aceita-se que a busca de
objetividade é um tanto quanto inadequada, já que o foco de interesse é
justamente a perspectiva dos participantes;
c)
flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa: o pesquisador trabalha com
situações complexas que não permite a definição exata e a priori dos caminhos
que a pesquisa irá seguir;
d)
orientação para o processo e não para o resultado: a ênfase está no
entendimento e não num objetivo pré determinado, como na pesquisa quantitativa;
e)
preocupação com o contexto, no sentido de que o comportamento das pessoas e a
situação ligam-se intimamente na formação da experiência;
f)
reconhecimento do impacto do processo de pesquisa sobre a situação de pesquisa:
admite-se que o pesquisador exerce influência sobre a situação de pesquisa e é
por ela também influenciado.
Infelizmente,
a pesquisa qualitativa não tem ainda o papel de destaque que deveria ter.
Muitos pesquisadores a evitam, em nome de uma pretensa neutralidade científica
e de um rigor metodológico mais próprio da ciência natural. Identificando
algumas características dos estudos qualitativos como:
a) os
dados são coletados preferencialmente nos contextos em que os fenômenos são
construídos;
b) a
análise de dados é desenvolvida, de preferência, no decorrer do processo de levantamento
destes;
c) os
estudos apresentam-se de forma descritiva, com enfoque na compreensão à luz dos
significados dos próprios sujeitos e de outras referências;
d) a
teoria é construída por meio de análise dos dados empíricos, para
posteriormente ser aperfeiçoada com a leitura de outros autores;
e) a
interação entre pesquisador e pesquisado é fundamental, razão pela qual se
exige do pesquisador diversos aperfeiçoamentos, principalmente em técnicas
comunicacionais;
f) a
integração de dados qualitativos com dados quantitativos não é negada, e sim a
complementaridade desses dois modelos é estimulada.
Por
sua vez, para Minayo (1994) as relações entre abordagens qualitativas e
quantitativas demonstram que:
a) as
duas metodologias não são incompatíveis e podem ser integradas num mesmo
projeto;
b)
que uma pesquisa quantitativa pode conduzir o investigador à escolha de um
problema particular a ser analisado em toda sua complexidade, através de
métodos e técnicas qualitativas e vice-versa;
c)
que a investigação qualitativa é a que melhor se coaduna ao reconhecimento de
situações particulares, grupos específicos e universos simbólicos.
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Pesquisa Qualitativa
A
pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim,
com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização,
etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao
pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já
que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia
própria. Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista
aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer
julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa
(GOLDENBERG, 1997, p. 34).
Os
pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das
coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as
trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados
são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes
abordagens.
Na
pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas
pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do
pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir
informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que
importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991,
p. 58).
A
pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não
podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica
das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o
universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia, como contraponto
à pesquisa quantitativa dominante, tem alargado seu campo de atuação a áreas
como a Psicologia e a Educação. A pesquisa qualitativa é criticada por seu
empirismo, pela subjetividade e pelo envolvimento emocional do pesquisador
(MINAYO, 2001, p. 14).
As
características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno;
hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das
relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das
diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter
interativo entre os objetivosbuscados pelos investigadores, suas orientações
teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos
possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para
todas as ciências.
Entretanto,
o pesquisador deve estar atento para alguns limites e riscos da pesquisa
qualitativa, tais como: excessiva confiança no investigador como instrumento de
coleta de dados; risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo
possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado,
além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo; falta de
detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas;
falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes; certeza do
próprio pesquisador com relação a seus dados; sensação de dominar profundamente
seu objeto de estudo; envolvimento do pesquisador na situação pesquisada, ou
com os sujeitos pesquisados.
Pesquisa Quantitativa
Esclarece Fonseca (2002, p.
20):
Diferentemente
da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser
quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas
representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem
um retrato real de toda a população alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa
se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a
realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos,
recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa
quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa
qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia
conseguir isoladamente.
O
quadro 1, abaixo, compara os principais aspectos da pesquisa qualitativa e da
pesquisa quantitativa.
A
pesquisa quantitativa, que tem suas raízes no pensamento positivista lógico,
tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os atributos
mensuráveis da experiência humana. Por outro lado, a pesquisa qualitativa tende
a salientar os aspectos dinâmicos, holísticos e individuais da experiência
humana, para apreender a totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando
o fenômeno (POLIT, BECKER E HUNGLER, 2004, p. 201). O quadro 2 apresenta uma
comparação entre o método quantitativo e o método qualitativo.
Assim,
como visto até aqui, tanto a pesquisa quantitativa quanto a pesquisa
qualitativa apresentam diferenças com pontos fracos e fortes. Contudo, os
elementos fortes de um complementam as fraquezas do outro, fundamentais ao
maior desenvolvimento da Ciência.
Tipos de Pesquisa
Artigo por Colunista Portal -
Educação - sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Metodologia Científica: Tipos de pesquisa
Uma
pesquisa só existe através do levantamento de dúvidas referentes a algum tema,
e as suas respostas buscam meios que levam o pesquisador a algum lugar com o
seu trabalho científico. Todas as grandes invenções e acontecimentos do homem
foram concluídos sempre pelo pressuposto de uma pergunta, de uma dúvida
inerente que gerou análises para se chegar a uma solução.
A
metodologia se refere ao caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela
pesquisa. É a escolha que o pesquisador realizou para abordar o objeto de
estudo.
Para
todos os tipos de pesquisa é importante conhecer seus dois tipos, sendo elas a
pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa, que independentemente do tema e
a área escolhida pelo pesquisador, possuirá uma das características presentes
além do tipo de pesquisa que será apresentada na sequência.
Metodologia
de Pesquisa Qualitativa:Não se preocupa com relação
aos números, mas sim com relação ao aprofundamento e de como ela será
compreendida pelas pessoas. Os pesquisadores que utilizam este método procuram
explicar o porquê das coisas, explorando o que necessita ser feito sem
identificar os valores que se reprimem a prova de dados, porque os dados
analisados por este método não estão baseados em números.
Metodologia
de Pesquisa Quantitativa:Diferente da pesquisa
qualitativa, este método busca por resultados que possam ser quantificados,
pelo meio da coleta de dados sem instrumentos formais e estruturados de uma
maneira mais organizada e intuitiva.
Alguns
tipos de pesquisa podem ser tanto qualitativas como quantitativas:
Pesquisa
Acadêmica: Esta é realizada na academia, ou seja, em
uma instituição de ensino superior sempre sendo conduzida por pesquisadores que
geralmente são os professores universitários ou pesquisadores independentes.
Este tipo de pesquisa visa o conhecimento para determinada disciplina que o
acadêmico esteja estudando.
Pesquisa
Exploratória: Esta
pesquisa busca constatar algo em um organismo ou em determinado fenômeno de
maneira a se familiar com o fenômeno investigado de modo que o próximo passo da
pesquisa possa ser melhor compreendida e com maior precisão.
Pesquisa
Experimental: Esta
pesquisa envolve qualquer tipo de experimento que auxilie no desenvolvimento da
pesquisa.
Pesquisa
Laboratorial: Muitas
vezes confundida com a pesquisa experimental mesmo que algumas sejam de cunho
experimental, porém, muitas vezes as ciências sociais e humanas deixam de lado
este tipo de pesquisa por tratar de estudos que envolvem experiências. O que o
denomina como laboratorial é o fato de que elas ocorrem em situações
controladas. A maioria das pesquisas é realizada em locais fechados
(laboratórios) e até mesmo ao ar livre ou em ambientes artificiais. Em todas as
pesquisas laboratoriais necessitam de um ambiente possível de ser controlado,
estabelecido de forma prévia de acordo com o estudo a ser desenvolvido.
Pesquisa
empírica: Realizada
em qualquer ambiente, se dá por meio de tentativa e erro. A principal
finalidade desta pesquisa é testar hipóteses que tratam de relações de causa e
efeito.
Pesquisa
de campo: Este
tipo de pesquisa vai muito além da observação dos fatos e fenômenos e faz uma
coleta do que ocorre na realidade a ser pesquisada. Depois disso, elas são
analisadas e seus dados são interpretados com base em uma fundamentação teórica
sólida com o desígnio de elucidar o problema pesquisado.
Pesquisa
Teórica: Este
tipo de pesquisa faz uma análise de determinada teoria, sempre utilizando
embasamentos teóricos para explicar a pesquisa que está sendo levantada.
Artigos científicos é um exemplo de uma pesquisa teórica.
Universidade
Católica de Brasília
Classificações Das Pesquisas
Existem
várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação
serão apresentadas a seguir:
Do
ponto de vista da sua natureza, pode ser:
-
Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis
para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e
interesses universais.
-
Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática dirigidosà solução de problemas específicos. Envolve verdades e
interesses locais.
Do
ponto de vista da forma de abordagem do problema pode ser:
-
Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser
quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas
estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão, etc.).
-
Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a
analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos
principais de abordagem.
Quanto
aos fins, a autora afirma que a pesquisa pode ser:
- A investigação exploratória é realizada em área na
qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de
sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao
final da pesquisa. É, normalmente, o primeiro passo para quem não conhece
suficientemente o campo que pretende abordar.
- A pesquisa descritiva expõe características de
determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer
correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de
explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.
Pesquisa de opinião insere-se nessa classificação.
- A investigação explicativa tem como principal objetivo
tornar algo inteligível,justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer
quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado
fenômeno. Por exemplo: as raízes do sucesso de determinado empreendimento.
Pressupõe pesquisa descritiva como base para suas explicações.
- Pesquisa metodológica é o estudo que se refere à
elaboração de instrumentos de captação ou de manipulação da realidade. Está,
portanto, associada a caminhos, formas, maneiras, procedimentos para atingir
determinado fim. Construir um instrumento para avaliar o grau de
descentralização decisória de uma organização é exemplo de pesquisa
metodológica.
- A investigação intervencionista tem como principal
objetivo interpor-se, interferir na realidade estudada, para modificá-la. Não
se satisfaz, portanto, em apenas explicar. Distingue-se da pesquisa aplicada
pelo compromisso de não somente propor resoluções de problemas, mas também de
resolvê-los efetiva e participativamente.
Quanto
aos meios de investigação 2 , pode ser:
- Pesquisa de campo é investigação empírica realizada
no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para
explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e
observação participante ou não. Exemplo: levantar com os usuários do Banco X a
percepção que têm sobre o atendimento ao cliente.
- Pesquisa de laboratório é experiência realizada em
local circunscrito, já que no campo seria praticamente impossível realizá-la.
Simulações em computador situam-se nesta classificação.
- Pesquisa telematizada busca informações em meios
que combinam o uso do computador e as telecomunicações. Pesquisas na Internet
são um exemplo disso.
-Investigaçãodocumental é a realizada em documentos conservados no
interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas:
registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes,
comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, video-tape,
informações em disquete, diários, cartas pessoais a outros. O livro editado
pela Fundação Getúlio Vargas e pela Siciliano em 1995 sobre a vida de Getúlio
Vargas é, basicamente, apoiado em pesquisa documental, notadamente, o diário de
Vargas.
- Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes
eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece
instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode
esgotar-se em si mesma. O material publicado pode ser fonte primária ou
secundária. Por exemplo: o livro Princípios de Administração Científica, de
Frederick W. Taylor, publicado pela Editora Atlas, é fonte primária se cotejado
com obras de outros autores que descrevem ou analisam tais princípios. Estas,
por sues vez, são fontes secundárias em relação ao primeiro por se basearem
nele para explicitar outras relações. O material publicado pode também ser
fonte de primeira ou de segunda mão. Por exemplo: se David Bohn escreveu um
artigo, ele é fonte primária. No entanto, se esse artigo aparece na rede
eletrônica editado, isto é, com cortes a alterações, é fonte de segunda mão.
- Pesquisa experimental é investigação empírica na
qual o pesquisador manipula e controla variáveis independentes e observa as
variações que tal manipulação e controle produzem em variáveis dependentes.
Variável é um valor que pode ser dado por quantidade, qualidade,
característica, magnitude, variando em cada caso individual. Exemplo: na
expressão sociedade globalizada, globalizada é a variável do conceito
sociedade. Variável independente é aquela que influencia, determina ou afeta a
dependente. É conhecida, aparece antes, é o antecedente. Variável dependente é
aquela que vai ser afetada pela independente. É descoberta, é o conseqüente. A
pesquisa experimental permite observar e analisar um fenômeno, sob condições
determinadas. O estudo de Elton Mayo, em Hawthorne, é um bom exemplo de
pesquisa experimental no campo. Todavia, também se pode fazer investigação
experimental no laboratório.
-Investigaçãoex post facto refere-se a um fato já ocorrido.
Aplica-se quando o pesquisador não pode controlar ou manipular variáveis, seja
porque suas manifestações já ocorreram, seja porque as variáveis não são
controláveis. A impossibilidade de manipulação e controle das variáveis
distingue, então, a pesquisa experimental da ex post facto.
- A pesquisa participante não se esgota na figura do
pesquisador. Dela tomam parte pessoas implicadas no problema sob investigação,
fazendo que a fronteira pesquisador/pesquisado, ao contrário do que ocorre na
pesquisa tradicional, seja tênue.
-Pesquisa-ação é um tipo particular de pesquisa participante que
supõe intervenção participativa na realidade social. Quanto aos fins é,
portanto, intervencionista.
-Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades,
entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um
órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de profundidade e
detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo.
Os
tipos de pesquisa não são mutuamente exclusivos. Por exemplo: uma pesquisa pode
ser, ao mesmo tempo, bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso.


REFERENCIAS?
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